Quando ingressei na faculdade, na metade de 2007, pensei que todos os problemas da minha vida, ou grande parte deles, estariam resolvidos. Em quatro anos, certamente, eu seria mais inteligente e teria as respostas para as questões mais intrigantes. É claro que eu refleti sobre uma possível estabilidade financeira. Afinal, todo esse tempo com as caras nos livros, passando noites e mais noites estudando, trariam resultados expressivos. Nada de muito luxuoso: um carro simples, quem sabe, ou um apartamento próprio.
A mulher da minha vida, finalmente, daria as caras. Depois de algumas decepções, a tal felicidade amorosa estaria bem ali, a poucos metros. Como qualquer outro jovem de 19 anos, imaginei que minha vida sexual passaria por grandes avanços! Esperara ansiosamente por festas e, claro, as chamadas orgias universitárias!
O plano, até então, era perfeito. Não que eu tivesse a intenção de desonrar o nome da família, encher a cara toda semana e, no final das contas, sair com o diploma nas mãos. Longe disso. Queria estudar, adquirir conhecimento, ser um bom jornalista e aproveitar essa época tão importante.
Só havia um problema. Eu tinha me esquecido de compartilhar o plano com os principais envolvidos nele: os professores carrascos, que me crucificavam por erros de vírgula e concordância, as belas garotas do interior, que eu jurava ser mais esperto, e os teóricos esquerdistas, que pregavam discursos idealistas bastante convincentes em pleno século 21.
O problema do calouro é que ele acha que ganhou na Mega-Sena quando entra na faculdade. Pensa que suas angústias, até então imensuráveis, chegaram ao fim e não há mais nada para se preocupar. O mundo é muito pequeno para todos os seus desejos e anseios. Doce engano.
De qualquer forma, demorou um bom tempo para perceber quais seriam os benefícios da faculdade em minha vida. O ensino superior, primeiramente, me fez pensar de outro jeito, a enxergar as coisas de forma diferente, direcionando meu senso crítico.
A faculdade não me fez jornalista. Fez-me um ser humano mais completo e racional. A faculdade me trouxe maturidade suficiente para aprender a lidar com as diferenças, a serenidade inigualável para compreender o próximo e, acima de tudo, competência inexaurível para ouvir.